Cera Antivarroa II
Após um compasso de espera, surge o momento de acrescentar mais uma dicas ao artigo publicado na revista "O Apicultor"
http://www.oapicultor.com/artigos/1-Cera%20Anti%20Varroa.pdf ou (
http://www.ibericaqueens.com/).
Para esta primeira fase, tratando-se de um processo artesanal, faltando ainda mecanizar parte do processo de moldagem de cera, resolvemos moldar 250Kg de Cera AntiVarroa para uso nos ninhos, núcleos e renovação de quadros.
A cera o que tem de especial é o facto de estar de acordo com o tamanho da célula natural onde a varroa tem menos apetência para se reproduzir, concentrando-se mais nas células de zângão, sobrevivendo naturalmente como fez durante milhares de anos antes de aparecerem as ceras comerciais que seleccionaram abelhas gigantes, que dificilmente vivem à varroa.
As células de obreira actual apesar de ainda faltar um bom bocado, estão perto do tamanho de zângão anteriormente ao processo de alargamento.
É claro que a varroa se sente "confusa", isto é, esta em casa e alegre da vida, pois a quantidade de hormona juvenil produzida pelas larvas é convidativa a sua reprodução no seu interior, apesar de ter preferência pelas de zângão.
A cera AntiVarroa é um passo na luta contra a varroa mas ainda falta algumas alterações como técnicas de maneio que vou descrever sendo uma delas o
11º Quadro perdido pela industria apícola e que na colmeia original de
Lorenzo Lorraine Langstroth, estava presente na sua patente, bem como um separador de madeira, imaginemos para que seria.
Em baixo é apresentado o mapa sugerido por Dee Lusby, identificando a zona da Península Ibérica como sendo uma zona onde a moldagem da cera pode variar entre os 4.8 e os 5.0 mm assim como a Grécia, Chipre etc.
A Portugal é uma zona de transição entre as abelhas Africanas e as Europeias, onde para Norte e para o Leste se encontra microsatélites parecidos com a abelha negra Apis mellifera mellifera e para o Sul vamos encontrar microsatélites parecidos com a Africana, nomeadamente a A.mellifera intermissa.
São estes híbridos a que se designam como A.mellifera iberica ou A.mellifera iberiensis, agora designadas por alguns "estudiosos", tendo alterado o nome mas não o conteúdo do ADN mitrocondrial materno, ou mais simplesmente os parâmetros biométricos descritos mundialmente, incluindo várias Universidades de Espanha.
É lógico que não vamos esquecer o nosso passado, pois quem esquece o passado, não estuda o presente não vai sobrevir no futuro. Vamos ter de viver sempre com a nossa raça de abelhas, podemos é tentar "domestica-la" com mais uns cruzamentos que confiram valor e estabilidade.
Curiosamente passado uma semana de ter escrito este artigo, encontrei um documento que sustenta, em Portugal esta minha analise, alojado no servidor do Instituto Politécnico de Bragança:
Publicado na revista do Apicultor em 2010.
Segundo alguns estudos a A.mellifera iberica contem haplóides da linhagem A (origem africana) e da linhagem M (origem do Mediterrâneo ocidental), no entanto alguns microsatélites do Norte de Portugal apresentam uma maior frequência de haplóides da linhagem A (origem africana).
Neste caso deveríamos de estar a usar nas nossas colmeias cera moldada para abelhas africanas por volta de 4.8mm que as nossas ibéricas bem a suportariam, assim como os 4.9mm e os 5.0mm mas não vamos ser tão radicais numa primeira fase.
Curioso que as abelhas ibéricas também suportam o extremo máximo dos alvéolos que é de 5.1, 5.2, e 5.3cm.
A selecção tem sido feita pelo valor maior, é claro que agora colocadas sem a intervenção do apicultor (alimentação, cera etc) estão reticentes em fazer células pequenas, pois este processo de selecção forçada já dura cerca de 100 anos, concretamente 118 anos.
Não sou purista de esquecer todos os avanços da colmeia móvel e voltar ao cortiço, tenho a mesma opinião em relação com à raça de abelhas, mas não quero avançar ainda muito por este trilho.
Após a moldagem foi escolhida uma folha por amostragem aleatória e foram medidos 11 vértices na horizontal, diagonal, e vertical.
O motivo de serem 11 vértices e não 10 células é que se torna mais simples de executar e mais preciso uma vez que se tem em conta a perna do
Y como factor de alinhamento. A junção das três pernas do
Y forma o vértice.
Quem quiser contar as 10 bases das células vai chegar à mesma conclusão.
Foi um processo desenvolvido por mim e que até à actualidade não verifiquei em qualquer literatura, mas se não fui o primeiro a verifica-lo, peço desculpas pelo plagio da solução encontrada.
A ferramenta utilizada foi um marcador, um parquímetro digital e uma régua graduada para que não resta-se duvidas.
Na horizontal a medida foi de 5.054cm.
Na vertical a medida foi de 4.506 cm.
Na diagonal a medida foi de 5.164 cm.
Assim a média das 3 medidas foi de 4.908 cm.
Mas para tirar mesmos as duvidas optou-se por contar todas as células de 1dm2.
Usando um quadrado de 10cm por 10cm ( 1dm2) foram contadas as células ou vértices, contabilizando numa das faces do quadrado de 1dm2, 23 linhas, cada uma com 20 células ou vértices formando assim um total de 460 células, de um dos lados, ao multiplicar pelos dois lados forma 920 células por dm2.
Confesso que não tive coragem de contar as células do outro lado.
Usando uma formula matemática para calcular a quantidade de células:
(20000*0,866)/((((5.054+4.506+5.164)/3)/20)*(((5.054+4.506+5.164)/3)/20)*3) = 958.688 Células
Será que a formula está correta? Bem, na minha opinião eu contei as células e tenho a certeza do que contei.
Os senhores e senhoras podem fazer o mesmo, sei que a minha contagem esta correta, mas a formula matemática deu-me umas células extra que estão de acordo com as tabelas existentes, para um tamanho de 4.9mm equivale a 950 células por dm2.
Este é o primeiro passo.
Deste modo atinge-se o equilíbrio na luta contra a varroa, os próximos passos serão a luta e aniquilamento, sem usar produtos que matem o apicultor, a saúde dos consumidores e não deixem resíduos nas ceras que destruam os enxames.